terça-feira, 2 de julho de 2013

Ditadura do cabral também com civíl, veja.

Manifestantes acampados na frente do prédio de Cabral são retirados do local

Grupo acusa PM de destruir pertencer levados para delegacia. Ator Carlos Vereza presta solidariedade e critica PM: 'Covardia inacreditável'

Marcello Victor

Rio - Policiais do 23º BPM (Leblon) destruíram o acampamento de manifestantes do movimento "Ocupa Cabral", no Leblon, Zona Sul da cidade, na madrugada desta terça-feira. O grupo ocupava um trecho da rua onde mora o governador do Rio, Sérgio Cabral, desde 21 de junho. Um dos integrantes foi detido acusado de quebrar o vidro de uma viatura da PM.
A mulher de um dos 14 bombeiros expulsos da corporação após os protestos da categoria em 2012 passou mal e teve que ser medicada. O ator Carlos Vereza esteve na 14ª DP (Leblon) prestando solidariedade aos jovens. Eles devem se reunir ainda nesta terça para decidir se voltam ao local. A Polícia Militar ainda não se se pronunciou sobre o caso.
Manifestantes foram levados à delegacia
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A desocupação aconteceu menos de 24 horas após a divulgação dos números da pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no jornal 'Folha de S. Paulo desta segunda-feira, revelando a queda acentuada de popularidade de Cabral e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, após início da onda de manifestações populares de junho.
À tarde, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, esteve no local para negociar a retirada do grupo, mas não houve acordo. O "Ocupa Cabral" reivindica uma reunião com o governador para a apresentação de uma pauta de reivindicações nas áreas da Saúde, Educação, Transporte, Segurança Pública e relativas à corrupção.
Grupo reclama de truculência da Polícia Militar
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Segundo a estudante Luiza Dreyer, de 22 anos, cerca de 15 pessoas ocupavam cerca de 10 barracas na Rua Aristides Espíndola, enquanto outros tinham ido em suas residências buscar mantimentos e retornariam pela manhã. Os policiais e os agentes chegaram por volta das 2h, em cerca de 15 viaturas e vans.
Ela contou que todos já estavam dormindo quando foram surpreendidos. Barracas foram destruídas, colchões, mantimentos, cadeiras de praia, isopores, roupas de cama, material de higiene e pertences dos manifestantes foram colocados em vans da Seop e levados para a 14ª DP.
"Houve muita violência dos policiais. Não física, mas psicológica, moral. Vieram em um horário estratégico, quando todos estavam dormindo, de madrugada, chovendo e sem a presença da imprensa. Foram metendo a mão em tudo", relembrou Luiza, garantindo que o grupo não vai desistir de protestar enquanto não houver uma reunião com o governador.
Ela afirmou que o movimento já convocou nas redes sociais os manifestantes e simpatizantes que apóiam a causa. Eles devem se reunir ainda nesta terça-feira para decidir se voltam a ocupar a rua onde mora Cabral.
O ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Paulo Nascimento, de 44 anos, afirmou que os policiais disseram que a desocupação do acampamento tinha sido ordenada pelo governador. Ele disse que conseguiu com outro colega evitar uma ação mais violenta da polícia, como a utilização de gás de pimenta. A mulher dele, Josefa Maria, de 33 anos, que o acompanhava, teve um aumento na pressão arterial. Ela foi socorrida por uma ambulãncia do Samu e medicada na Coordenação de Emergência Regional (CER) Nova Monteiro, no Leblon.
Acusado de depredar viatura paga fiança de R$ 800
"Esse é mais um 'presente' que eu ganho no Dia do Bombeiro", ironizou o ex-sargento, se referindo data comemorativa nacional da categoria, cleebrada nesta terça. Ele foi expulso da corporação em 2012 com mais outros 13 militares, após as manifestações da categoria por aumento de salários e melhoria das condições de trabalho.
De acordo com Raul Lins e Silva, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que acompanhou a ocorrência na delegacia, o pintor Jair Rodrigues, de 37 anos, foi autuado por dano ao patrimônio. Ele foi acusado de quebrar o vidro de uma viatura da PM. Jair foi liberado após prestar depoimento e de uma 'vaquinha' feita por amigos e simpatizantes para angariar R$ 800, valor estipulado para o pagamento da fiança. A polícia vai ouvir os manifestantes sobre possíveis excessos cometidos pela Polícia Militar.
Vereza: 'Covardia inacreditável'
Surpreendido com a desocupação do acampamento, o ator Carlos Vereza, de 74 anos, esteve na 14ª DP prestando solidariedade aos manifestantes. Ele filmou os pertences do acampamento que foram destruídos e estavam na entrada da delegacia e conversou com os estudantes.
Ator Carlos Vereza foi prestar solidariedade aos manifestantes em delegacia
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Segundo o ator, ele estava em casa e teve um pressentimento. Ao abrir o computador, ele leu relato dos manifestantes retirados da rua do governador, convocando os simpatizantes do movimento a irem para a delegacia. Vereza contou que há dois dias filmou o acampamento e a ocupação no Leblon. Ele disse ter um vídeo gravado em que PMs são unânimes em dizer que os jovens e o movimento eram pacíficos.
"Foi uma covardia inacreditável. Não justifica. Eles têm o direito de falar com o governador. Ele deve estar abalado por ter caído 20 pontos na pesquisa do Datafolha e mandou fazer isso. É mais fácil encontrá-lo em Paris", provocou Carlos Vereza, que é espírita e interpretou Bezerra de Menezes, no fimle homônimo em 2008. Antes, o ator esteve na rua onde o governador mora. Ele disse que o local parece uma ocupação de guerrilha com a presença da PM.

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